Tive há pouco um julgamento em que o assistente acusava o arguido de o ter chamado "ladrão" e "mentiroso".
Nas conversas de corredor, que antecederam o início do julgamento, lamentavam alguns o facto de ainda ter de se julgar destes casos, considerando-os como perda de tempo com coisas menores, "de lana caprina", e apenas contribuirem para o atraso na decisão dos assuntos "importantes".
É certo que na sala de audiências, todos esqueceram os "seus estados de alma" e provadas aquelas imputações e o seu carácter injurioso, foi o arguido condenado em multa e numa indemnização.
Mas, quando que me ponho a pensar, no meu recato, sobre este tipo de crime, depressa chego à conclusão que cada vez menos vai à barra do tribunal. Porque será?
São os agentes da justiça que os afastam? Será que diminuiu o insulto? Ou, são as pessoas que não se sentem insultadas?
A questão da honra e da palavra dada, como se dirá de outros valores que antes primavam, têm-se vindo a atenuar, a esvair ou não são valorizados?!
Claro que continuará a ser diferente, de pessoa para pessoa, a forma como se vivem e sentem as questões da honra e da consideração, da reputação, a boa fama, a estima e a dignidade objectiva, considerados no respectivo contexto social.
A propósito, disse Schoppenhauer: "A honra, objectivamente, é a opinião dos outros sobre o nosso mérito; subjectivamente...o nosso receio diante dessa opinião".