terça-feira, 11 de setembro de 2012
Sátira
Poema aos homens constipados e engripados
"Pachos na testa, terço na mão,
Uma botija, chá de limão,
Zaragatoas, vinho com mel,
Três aspirinas, creme na pele
Grito de medo, chamo a mulher.
Ai Lurdes que vou morrer.
Mede-me a febre, olha-me a goela,
Cala os miúdos, fecha a janela,
Não quero canja, nem a salada,
Ai Lurdes, Lurdes, não vales nada.
Se tu sonhasses como me sinto,
Já vejo a morte nunca te minto,
Já vejo o inferno, chamas, diabos,
Anjos estranhos, cornos e rabos,
Vejo demónios nas suas danças
Tigres sem listras, bodes sem tranças
Choros de coruja, risos de grilo
Ai Lurdes, Lurdes fica comigo
Não é o pingo de uma torneira,
Põe-me a Santinha à cabeceira,
Compõe-me a colcha,
Fala ao prior,
Pousa o Jesus no cobertor.
Chama o Doutor, passa a chamada,
Ai Lurdes, Lurdes nem dás por nada.
Faz-me tisana e pão de ló,
Não te levantes que fico só,
Aqui sozinho a apodrecer,
Ai Lurdes, Lurdes que vou morrer."
António Lobo Antunes
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Continuam a lançar os dados.....
-
Conta-se que Bocage, ao chegar a casa um certo dia, ouviu um barulho estranho vindo do quintal. Era um ladrão que tentava levar os seus pato...
-
Eles não sabem que o sonho é uma constante da vida tão concreta e definida como outra coisa qualquer como esta pedra cinzenta em que me sent...
Sem comentários:
Enviar um comentário