quarta-feira, 8 de abril de 2009

Ainda as crises

Eça também questionou as sociedades que conheceu, em especial a lisboeta. Preocupou-se, com a qualidade de vida das diferentes classes sociais e o conformismo social e político. Toda a sua obra está pejada de sátira.

Durão Barroso, Presidente da Comissão Europeia, cita Eça no seu discurso (SPEECH/06/283, Comemorações do dia 9 de Maio, Centro Cultural de Belém, 8 Maio 2006):
“Num artigo publicado n’ O Repórter, dizia Eça de Queiroz: “A crise é a condição quase regular da Europa (…) todos sofrem de uma crise industrial, de uma crise agrícola, de uma crise política, de uma crise social, de uma crise moral (…) a situação da Europa é medonha. Sob as crises que a sacodem, já a máquina se desconjunta. Nada pode deter o incomparável desastre, que todavia, no fundo a situação é simplesmente normal. Natural e normal.”.

4 comentários:

  1. António Machado Pires, em "A Ideia de Decadência da Geração de 70", refere-se a esta temática como sendo “um conceito dinâmico, linear, a fase final de uma trajectória que atingiu um auge de desenvolvimento que já não pode manter” ; uma fase final de uma trajectória é certo, mas que implica, como afirma Sérgio de Campos Matos, uma memória de um “passado glorioso, o contraste entre um presente de deterioração, de dissolução e mediocridade e um passado de progresso em que se evidenciavam nobres virtudes” . E é exactamente este conceito de declínio e deterioração de uma cultura e de uma civilização que interessou particularmente a Eça de Queiroz.

    Para Eça, só uma arte que mostrasse efectivamente como era a realidade, mesmo que isso implicasse entrar em campos sórdidos, poderia fazer diagnóstico do meio social, com vista à sua cura. Assim, reagia contra o espírito da arte pela arte, visando mostrar os problemas morais e assim contribuir para aperfeiçoar a sociedade.

    Eça parece reflectir na sua obra o duplo pendor do século, que em certa medida parece corresponder a exigências íntimas da sua natureza, a literatura será uma busca incessante de beleza, mas também um relevante instrumento de intervenção de um julgamento moral sobre a vida e homens da sociedade do século XIX.

    Continuo a dizer que Eça foi um visionário no seu tempo.

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  2. A Drª Cristina é uma especialista em Eça de Queiroz, enquanto eu não passo de um mero leitor anónimo e passageiro. Ainda assim, atrevi-me a tecer considerações e dizer que (logo eu, que digo alto e bom som que a ignorância é a mãe mais insana das muitas atrocidades que se dizem!)Eça foi um artista que pintou em tela impressa as vicissitudes da sociedade do séc. XIX. No mais, digo para mim próprio:"Quem te manda a ti, sapateiro, tocar rabecão." Mas são sempre, isso asseguro, convicções pessoais.

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  3. AH! E quanto ao visionário, também estou inteiramente de acordo. As suas ideias são e continuarão a ser sempre coevas. São as contingências da vida em sociedade, de então, de hoje e amanhã, que ele bem apreendeu.

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  4. Obrigada pela visita,nunca pensei que alguem tão culto, que se preocupa tanto com crises na Europa, problemas sociais e políticos, alguem que sempre faz reflexões a respeito da vida, do bem estar das pessoas, olharia um blog simples, com meia dúzia de quadros, que só servem para desafogar o que um artista tem encalacrado na garganta e de repente até para enfeitar uma parede que esteja vazia. Gostei do que li, dos textos, das opiniões, mas faço parte do povo que põe a mão na massa, que quando vê algo errado, não reflete muito, corre logo para ajudar no que for preciso, e tira sempre uma lição no momento da crise. Aqui no Brasil isso é que não falta, nós temos a crise agrícola, da política, social....e muitas outras. E quanto ao Eça, só conheço o "Primo Basílio", porque a Rede Globo fez uma novela. De vez em quando nasce alguem que tem a mente adiantada para o seu tempo. Estarei aqui de vez em quando para ler usas reflexões. Quanto as fotos do meu blog, são ruins porque eu não tenho mais os quadros, tive que tirar foto da foto. Obrigada pelos elogios.
    Solange

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