quinta-feira, 9 de abril de 2009

Mais Eça em diálogo com A. Campos Matos

Eça foi, sem dúvida, um homem do seu tempo, atento a tudo o que se passava no seu país e no resto da Europa. Homem observador e crítico que não poupou ninguém e se destacou pela sua personalidade ímpar numa época de transformações sociais, filosóficas, económicas e políticas. Foi ao folhear a obra de A. Campos Matos que descobri mais facetas deste vulto da nossa literatura, numa entrevista ficcionada, mas fundamentada e que me leva a transcrever alguns excertos bem pertinentes do nosso Eça, a propósito dos artigos agora inseridos. "Uma nação vale pelos seus sábios, pelas suas escolas, pelos seus génios, pela sua literatura, pelos seus exploradores científicos, pelos seus artistas. Hoje, a superioridade é de quem mais pensa; antigamente era de quem mais podia; ensaiavam-se então os músculos como já se ensaiavam as ideias (E.Q., 31/01/1867)".
Mais adiante, numa das questões colocadas pelo "entrevistador" acerca da política, Eça responde: "Constitucionais, Socialistas, Miguelistas e Jacobinos, de resto, para mim, como romancista, são todos produtos sociais, bons para a Arte, quando são todos igualmente explicáveis, todos igualmente interessantes. O dever do artista é estudá-los, como o botânico estuda as plantas, sem se importar que seja a beladona ou a batata, que envenene ou nutra... Nada há mais ruidoso, e que mais vivamnete se saracoteie com um brilho de lantejoulas - do que a Política. Por toda essa antiga Europa Real, se vêem multidões de politiquetes e de politicões enflorados, emplumados, atordoadores, cacarejando infernalmente, de crista alta (p.147)."
Isilda

1 comentário:

  1. Muito bem Isilda... sabe que todas as informações que são sobre o Eça enriquecem a minha vida. Obrigado

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