quinta-feira, 8 de novembro de 2012

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Chamem-me o que quiserem, por Henrique Monteiro
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Este texto é um exercício de lógica sobre a moral na política
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Todo o esforço - tem-se afirmado - é feito em nome da diminuição da dívida e do salutar e moral desejo de pagar a quem o Estado deve dinheiro. Mas, vejamos se é assim.
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Os reformados e pensionistas (que descontaram efetivamente) são, também eles, credores do país. Na verdade, fizeram um contrato segundo o qual, a um desconto por mês ao longo da vida de trabalho, corresponderia uma determinada reforma. Essa reforma foi sendo degradada ao ano após ano, e por fim diminuída, em nome da necessidade de... se pagar as dívidas.
 
Mas qual é a diferença moral entre a dívida aos mercados e a dívida aos reformados? Nenhuma (e a haver seria a favor dos mais desprotegidos)! A única diferença está no poder de quem as cobra. O Estado já recebeu o dinheiro dos atuais reformados e sabe que deles não receberá mais, salvo o que recupera por via dos impostos. Mas ainda conta com o dinheiro dos mercados para poder voltar a financiar-se.
 
E por aqui se vê que a moral, na política, é coisa que dificilmente existe. Em boa verdade, nunca existiu e é por isso que discursos excessivamente moralistas, ou acabam em ditaduras ou autênticas em palhaçadas.

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