Fernando Pessoa
Poesias Inéditas
O Amor
O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar.
Quem quer dizer o que sente,
Não sabe o que há-de dizer.
Fala: parece que mente,
Cala: parece esquecer.
Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse,
Pr'a saber que a estão a amar!
Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente.
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!
Mas se isto puder contar-lhe,
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe,
Porque lhe estou a falar...
segunda-feira, 30 de agosto de 2010
sexta-feira, 27 de agosto de 2010
Lapidação. Abordámos este assunto a 9 de Julho, neste blog. Voltamos a ele.
Tenho pressentido ao longo dos tempos a visão benévola que determinadas personagens de cultura (pelo menos assim pretensamente tidas) têm sobre o mundo árabe. Estes esclarecidos, (apodados por vezes de esquerda romântica, com prejuízo para esta) defendem esses povos, a sua cultura, os seus usos e costumes, e implicitamente o islamismo, a sua religião, por os terem como mais fracos e perseguidos pelos mais fortes.
Tenho pressentido ao longo dos tempos a visão benévola que determinadas personagens de cultura (pelo menos assim pretensamente tidas) têm sobre o mundo árabe. Estes esclarecidos, (apodados por vezes de esquerda romântica, com prejuízo para esta) defendem esses povos, a sua cultura, os seus usos e costumes, e implicitamente o islamismo, a sua religião, por os terem como mais fracos e perseguidos pelos mais fortes.
É vê-los tomar intransigentemente a sua defesa contra qualquer que seja a posição de Israel, dos Estados Unidos da América, da Alemanha, França ou outros, que contenda com a posição árabe. É vê-los querer impor aos Estados Europeus que recebam e empreguem, sem restrição, todos os árabes que os demandem, com todas as suas tradições e hábitos. (a migração em busca da sobrevivência é um assunto que merece outra análise).
Ora, eu que sempre tive para comigo que há pessoas boas e más, em todo o lado e em todas os povos e, as nações, quaisquer que elas sejam, são o fruto das políticas das pessoas que as dominaram, parece-me uma profunda hipocrisia dogmatizar o mundo em bom e mau.
É por isso, que eu não entendo nem concebo o “gritante silêncio” daqueles pretensos cultos humanistas e muçulmanos tolerantes, perante a ignomínia do assassínio, na praça pública, pelas massas ululantes, a mando da “justiça!”, de mulheres acusadas de infidelidade ou outro acto menor considerado crime.
É assim mesmo, tal e qual numa actual praça de touros enquanto o matador corta a orelha do animal, ou na idade média se queimavam pessoas junto ao pelourinho da terra, a iraniana Sakineh Ashtiani, vai ser enterrada na praça, e morta à pedrada por quem queira arremessar.
…Eu não aprecio os escritos e opiniões da jornalista Fernanda Câncio, sempre muito limitados e tendenciosos politicamente ou arrestados as causas fraturantes. O artigo que hoje fez publicar no Diário de Notícias, também poderia enfileirar-se nesta última categoria, agora em defesa dos direitos das mulheres. Porém, neste, também aborda com alguma singularidade a monstruosa e desumana pretensa aplicação da justiça no Irão.
É por isso, que eu não entendo nem concebo o “gritante silêncio” daqueles pretensos cultos humanistas e muçulmanos tolerantes, perante a ignomínia do assassínio, na praça pública, pelas massas ululantes, a mando da “justiça!”, de mulheres acusadas de infidelidade ou outro acto menor considerado crime.
É assim mesmo, tal e qual numa actual praça de touros enquanto o matador corta a orelha do animal, ou na idade média se queimavam pessoas junto ao pelourinho da terra, a iraniana Sakineh Ashtiani, vai ser enterrada na praça, e morta à pedrada por quem queira arremessar.
…Eu não aprecio os escritos e opiniões da jornalista Fernanda Câncio, sempre muito limitados e tendenciosos politicamente ou arrestados as causas fraturantes. O artigo que hoje fez publicar no Diário de Notícias, também poderia enfileirar-se nesta última categoria, agora em defesa dos direitos das mulheres. Porém, neste, também aborda com alguma singularidade a monstruosa e desumana pretensa aplicação da justiça no Irão.
Diz ela:
“.. tudo isto parece impossível de tão bárbaro, tão de outro mundo - um mundo onde se mata com pedras nem muito grandes nem muito pequenas para que a agonia dure, onde uma mulher pode ser o alvo de um jogo de acerta e mata por causa desta palavra, adultério, desta noção de que as mulheres são o mal e o corpo do diabo, feitas para castigo e submissão.
…Posso dizer que não perdoo a quem não erga a voz contra a ignomínia e a obscenidade da tua condenação, contra a lei repugnante que te condena e o regime que a sustenta. Posso dizer que não admito que hoje, no meu mundo, no meu tempo, estas coisas se justifiquem com "diferenças culturais" ou "ordens internas"e não ocasionem protestos vigorosos de todos os governos que se querem decentes - a começar pelo do meu País. Posso dizer que vou estar atenta a todos os silêncios e que espero ver na primeira fila da tua defesa os que se afirmam apologistas incansáveis da vida e os que se reclamam de uma interpretação benigna do Islão. “
“.. tudo isto parece impossível de tão bárbaro, tão de outro mundo - um mundo onde se mata com pedras nem muito grandes nem muito pequenas para que a agonia dure, onde uma mulher pode ser o alvo de um jogo de acerta e mata por causa desta palavra, adultério, desta noção de que as mulheres são o mal e o corpo do diabo, feitas para castigo e submissão.
…Posso dizer que não perdoo a quem não erga a voz contra a ignomínia e a obscenidade da tua condenação, contra a lei repugnante que te condena e o regime que a sustenta. Posso dizer que não admito que hoje, no meu mundo, no meu tempo, estas coisas se justifiquem com "diferenças culturais" ou "ordens internas"e não ocasionem protestos vigorosos de todos os governos que se querem decentes - a começar pelo do meu País. Posso dizer que vou estar atenta a todos os silêncios e que espero ver na primeira fila da tua defesa os que se afirmam apologistas incansáveis da vida e os que se reclamam de uma interpretação benigna do Islão. “
segunda-feira, 23 de agosto de 2010
"Um trabalho de investigação publicado na revista belga 'Knack' indica que o ditador alemão Adolf Hitler, defensor de uma política de pureza racial que levou ao extermínio de judeus e de membros de outras etnias "não puras" durante a II Guerra Mundial, era descendente de judeus ou de berberes."
Em França, Sarkozy decidiu expulsar ciganos romanos. Será que também ele é descendente de imigrantes?
quarta-feira, 18 de agosto de 2010
Sentenças entre lojas de roupa e cinema
Em Portugal, já temos os tribunais Julgados da Paz a funcionarem informalmente, já temos lojas jurídicas nos centros comerciais, só nos falta mesmo dar o passo que a Inglaterra quer dar. A notícia vem no I online.
"A Associação de Magistrados da Grã-Bretanha quer abrir tribunais dentro de centros comerciais.
Segundo o vice-presidente da associação, John Howson, “a justiça não deve ser escondida: as pessoas devem ter a oportunidade de vê-la em acção”.
Estes tribunais deverão poder julgar delitos pequenos ou em flagrante e tem como objectivo acelerar os julgamentos para criar um sistema de justiça mais rápido, eficaz e visível ao público (...) que fiquem no seio da comunidade, perto de onde vivem os infractores e respectivas famílias e que possa funcionar aos sábados ou quando as lojas fechem."
sábado, 14 de agosto de 2010
Férias…férias, foram boas mas acabaram! Mesmo que durem muito, quando damos conta, já passaram, e sempre mais depressa do que esperaríamos.
No final, Fica sempre a sensação de que ficou algo por fazer, algo por ver, algo por experimentar, mais algum sítio por visitar...
Terminaram. Mas ainda sabe bem preguiçar.
É que, o regresso de férias tem sempre algo de traumático, algo que eu já vi algures definido como síndrome pós férias, por isso, vou tentar entrar nas minhas rotinas muito lentamente, recuperando aos poucos os meus hábitos diários, os meus horários de sono e de trabalho, retomando os meus escritos neste blog.
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