Hoje, tropecei com uma daquelas situações que nos interpelam se estamos verdadeiramente tolos de tão evidente se apresentar uma coisa, enquanto o nosso interlocutor defende o seu contrário. Daquelas coisas inverosímeis, que ou são branco ou são preto, mas nunca mesclados; daquelas coisas que nos levam a concluir que a realidade que se vê, são afinal tantas relidades quantas os olhos que a vêem. Isso lembrou-me um texto de Séneca:
"O ingrato tortura-se e aflige-se a si mesmo; odeia os benefícios que recebe por ter de retribuí-los, procura reduzir a sua importância e, pelo contrário, agigantar enormemente as ofensas que lhe foram causadas.
Há alguém mais miserável do que um homem que se esquece dos benefícios para só se lembrar das ofensas?
A sabedoria, pelo contrário, valoriza todos os benefícios, fixa-se na sua consideração, compraz-se em recordá-los continuamente.
Os maus só têm um momento de prazer, e mesmo esse breve: o instante em que recebem o benefício; o sábio, pelo seu lado, extrai do benefício recebido uma satisfação grande e perene. O que lhe dá prazer não é o momento de receber, mas sim o facto de ter recebido o benefício; isto é para ele algo de imortal, de permanente. "
Séneca, in 'Cartas a Lucílio'
gostei muito da reflexão..abraços
ResponderEliminar