Hoje apeteceu-me rir à gargalhada, a bandeiras despregadas. Rir e mais rir e continuar a rir sempre que me lembro.
A gargalhada nem é um raciocínio, nem uma ideia, nem um sentimento, nem uma crítica: nem é o desdém, nem é a indignação; nem julga, nem repele, nem pensa; não cria nada, destrói tudo, não responde por coisa alguma! E no entanto é o único inventário do mundo político em Portugal.
Um governo decreta? Gargalhada.
Um governo decreta? Gargalhada.
Fala? Gargalhada.
Reprime? Gargalhada.
Cai? Gargalhada.
E sempre a política, aqui, ou pensando, ou criando, ou liberal ou opressiva, terá em redor dela, diante dela, sobre ela, envolvendo-a, como a palpitação de asas de uma ave monstruosa, sempre, perpetuamente, vibrante, cruel, implacável – a gargalhada!
Eça de Queiroz
“Eu penso que o riso acabou – porque a humanidade entristeceu. E entristeceu – por causa da sua imensa civilização. (...) Quanto mais uma sociedade é culta - mais a sua face é triste. (...) O Infeliz está votado ao bocejar infinito. E tem por única consolação que os jornais lhe chamem e que ele se chame a si próprio – O Grande Civilizado.”
ResponderEliminarEça de Queiroz, “A Decadência do riso”, in Notas Contemporâneas, Lisboa, Edição “Livros do Brasil”, 2000, pp.165-166
Amigo Manuel,
ResponderEliminarAgradeço o seu cumprimento pelo meu aniversário, é sempre bom recebermos a atenção dos amigos, nesses dias importantes de nossas vidas.
Infelizmente, as gargalhadas, que fazem tão bem para a saúde, são privilégios deles, políticos.
Beijos,
Ana Lúcia.
Nesse caso, acho que é mesmo muito cruel, a gargalhada...
ResponderEliminar^^
“Sou jardim
quintal.
Sou sala
sou fogão
forno com pão.
Sou mesa posta
sou cama macia
travesseiro de ervas.
Sou roseira na janela
Sou casa.
Mas a luz só ilumina, amigo,
quando chegas dentro dela.”
A presença do amigo é sempre essencial... Por isso vim te visitar!!
Beijo bem grande e uma linda sexta-feira!!