O prometido é devido, e o episódio do marinheiro Veloso, descrito por Camões no canto V, merece ser recordado. É uma das poucas estrofes dos Lusíadas que recitei, ao longo dos anos, com humor, em encontros de amigos.
Esta estrofe mostra-nos, por um lado, a camaradagem alegre da vida a bordo e, por outro, a multifacetada capacidade de Camões em fazer humor a par das adversidades da viagem marítima. E que humor fino e de bom gosto!
Esta estrofe mostra-nos, por um lado, a camaradagem alegre da vida a bordo e, por outro, a multifacetada capacidade de Camões em fazer humor a par das adversidades da viagem marítima. E que humor fino e de bom gosto!
Relembrando;
A armada de Vasco da Gama tinha acabado de aportar na ilha de Santa Helena, e o marinheiro Veloso, de espírito aventureiro e gabarola, resolveu sair do barco, sozinho e correr em terra firme, monte acima. Quase de imediato, surge a correr a toda a pressa, perseguido por vários nativos, tendo que ser socorrido e defendido pelos colegas, e recolhido à pressa por um batel.
Já salvos, em alto mar, os colegas gozam com ele dizendo-lhe que tinha sido mais fácil descer o monte do que subi-lo. O marinheiro Veloso não se desconcertou e, com bazófia, logo lhes respondeu que apenas correra à frente dos nativos por se ter lembrado que os companheiros estavam no batel, sem a ajuda dele, para se defenderem.
A armada de Vasco da Gama tinha acabado de aportar na ilha de Santa Helena, e o marinheiro Veloso, de espírito aventureiro e gabarola, resolveu sair do barco, sozinho e correr em terra firme, monte acima. Quase de imediato, surge a correr a toda a pressa, perseguido por vários nativos, tendo que ser socorrido e defendido pelos colegas, e recolhido à pressa por um batel.
Já salvos, em alto mar, os colegas gozam com ele dizendo-lhe que tinha sido mais fácil descer o monte do que subi-lo. O marinheiro Veloso não se desconcertou e, com bazófia, logo lhes respondeu que apenas correra à frente dos nativos por se ter lembrado que os companheiros estavam no batel, sem a ajuda dele, para se defenderem.
Disse então a Veloso um companheiro
(Começando-se todos a sorrir):
– «Olá, Veloso amigo, aquele outeiro
É melhor de descer que de subir...»
– «Sim, é, – responde o ousado aventureiro
–Mas, quando eu para cá vi tantos vir
Daqueles cães, depressa um pouco vim,
Por me lembrar que estáveis cá sem mim.»
(canto V, 35)
(canto V, 35)
Oi Lídia (Valadares), poderia me fazer um grande favor...? Eu não consigo comentar no blog do "manuel afonso", por motivos que desconheço, contudo, esta impossibilidade se repete em outros poucos blogs, também. Além do mais, ele não indicou o e-mail dele.
ResponderEliminarDestarte, eu pediria a você que transmitisse esse meu comentário a ele. Se assim puder proceder, deixo desde já o meu muito obrigada. Eis o comentário:
Rs...,eis uma bela desculpa, contudo, seguida de um fundo irônico..., "pensei em vocês quando nem se importaram comigo"... (Humor e Sensibilidade).
Afonso..., não sei como me encontrou mas, certamente, quem lucrou fui eu... Que textos convidativos ao saber... e, também, ao educar-se. Gostei muito!!
Um abraço,
Ana Lúcia Porto.
Pois cá está, o recado chegou e coloquei no seu lugar, quanto ao problema de não conseguir colocar o comentário não sei o que se passa. Um conselho, vá tentando. Se se mantiver, pode sempre servir-se do meu email (mmafonso1@gmail.com)que eu porei no respectivo lugar com a indicação da proveniência. Obrigado e um abraço.
Manuel, achei o episódio do Veloso delicioso.Seria primo do D. Caio?! Mais uma vez, o nosso Camões com um "humor fino e de bom gosto", como tu dizes e eu concordo plenamente...Espicaçaste-me o gosto por reler a passagem, prolongando a leitura pelas estrofes seguintes e quando, mais à frente,um marinheiro, "alçado", enfrenta o Adamastor, interrompendo o seu discurso tenebroso com a pergunta ousada - "Quem és tu?", eu sorri e pensei: "Desta vez, não foi o Veloso o autor da façanha!" E gostei de navegar pelos mares e portos onde me conduziram as tuas reflexões!
ResponderEliminarUm abraço.
Lídia Valadares
É mesmo do melhor humor. Bem, eu sei que a sensibilidade face ao humor, como noutras coisas, não igual de pessoa para pessoa. Uns gostam de humor brejeiro e explícito, outros conotativo e implícito. Uns falam de humor negro, outros de humor inglês, outros ...gostam dos gatos fedorentos, outros não lhes acham piada nenhuma (já conheci destes). E nenhum pode ter o monopólio do bom gosto em termos de humor. Bom, isto tudo para dizer que quem conhecer Camões, os lusíadas e o contexto da época, não pode, (porventura pode) deixar de considerar a extrema sensibilidadede de Camões ao verter em verso este sublime humor.
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