sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Na política, como nas demais coisas da vida, quando o empenho peca por demasia, escorregamos na poesia de Henrique O'Neill.

Um moleiro e um carvoeiro;

Travaram-se de razões;
Era um da cor da neve;
Outro da cor dos carvões.
Cada qual deles teimava
Que o outro mais sujo estava;
Tinham ambos a mão leve,
Choveram os bofetões.

E qual foi o resultado?
Um ao outro se sujou;
Pois ficou,
O carvoeiro, empoado;
E o moleiro, Enfarruscado.

Assim fazem as comadres,
Se começam a ralhar;
Assim fazem os compadres,
Se a política os separa.
Cada qual sem se limpar,
Consegue o outro sujar;
Nem é isso é coisa rara.

Henrique O'Neill (1819-1889)

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